Muitos teóricos das ciências sociais dedicam-se a estudar as mudanças desencadeadas por processos de digitalização, que reconfiguram a relação do ser humano com praticamente tudo que existe no planeta. Vive-se o tempo em que são criadas novas ambiências, a todo momento, permitindo o surgimento de diferentes formas de aproximação entre pessoas. Uma realidade com perspectivas promissoras, mas também muitos desafios. É neste contexto que emerge mais fortemente o ensino a distância, suscitando debates e reflexões. Para especialistas, essa modalidade está inscrita, definitivamente, nos processos educativos, encurtando, cada vez mais, a distância entre o conhecimento e o cotidiano de muitos alunos. Mas é importante cuidar para que haja equilíbrio, pois sabe-se que a possibilidade oferecida pela tecnologia digital não suprime plenamente a necessidade humana de interagir com seu semelhante. Nessa perspectiva, o ensino a distância deve estabelecer uma relação de complementariedade às muitas experiências vividas em sala de aula, enriquecendo o processo educativo.
O novo contexto vivido pela área educacional, em consonância com o que ocorre em muitos outros campos sociais, precisa inspirar novos aprendizados, envolvendo professores e alunos inscritos na educação formal, mas também famílias, cidadãos, líderes, para que ninguém seja excluído. Espera-se que as facilidades tecnológicas sejam adequadamente tratadas e facilitem a inclusão de muitas pessoas, superando vergonhosos cenários de desigualdade que desfiguram o tecido social brasileiro. Não é fácil superar desafios e encontrar o necessário equilíbrio para que o ensino a distância, de fato, torne-se rica oportunidade para novos passos na educação. Por isso mesmo, é essencial reconhecer que sólidos princípios humanísticos têm primazia sobre a técnica, para que o progresso nunca se desvincule de parâmetros éticos, ainda mais essenciais nos processos de ensino. Uma verdade bonita, sublinhada pelo Papa Francisco, e que deve inspirar o ensino a distância, é que a “educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, sem julgar ninguém”. Trata-se, pois, de um processo essencialmente inclusivo, que exige habilidade para saber lidar com os limites humanos. “Ensina com amor”, eis a orientação bíblica a cada educador, instruído ainda a “falar com sabedoria”. Essas preciosas indicações, retomadas na Campanha da Fraternidade 2022 – Fraternidade e Educação – devem balizar o campo educacional, com os seus avanços tecnológicos, para que, de fato, tornem-se conquistas para a humanidade.
“Fala com sabedoria, ensina com amor” é diretriz para que os processos educativos possibilitem a cada pessoa conhecer as verdades que dão sentido à vida. Pois a meta, conforme bem indica o Papa Francisco, é efetivar uma educação integral, em que cada pessoa tenha a oportunidade de conhecer a si mesmo, ao próximo, que é irmão, à criação e ao Transcendente.